-Pensavam que iam dormir nos quartos como eu acabei por deixar da última vez...não era? Como castigo vão dormir os dois aqui na sala. - disse enquanto nós subíamos as escadas em direcção aos nossos quartos - Vocês têm de aprender que têm regras para cumprir aqui em casa e que se não as seguem, são castigados!
Na minha cabeça imaginei mil e uma formas de responder àquelas frases ridículas ditas mas achei-me sem forças para ripostar e decidi subir para buscar as coisas necessárias para a obrigada dormida na sala.
Mesmo antes de adormecer achei bem mandar uma mensagem à minha mãe a contar tudo o que ele nos fez passar até ali, apesar dos conflitos que tive com ela, senti que era o melhor a fazer.
Três dias depois da minha visita a Braga, parecia que a minha vida tinha mudado num abrir e fechar de olhos. Tinha acabado com o Hugo Boss, e nem sei como arranjara coragem para tal, e o Daniel pediu-me em namoro, sem sequer ter curiosidade para me perguntar se ainda estava com o Boss.
***
Puxou-me contra uma parede e agarrou-me o pescoço com a sua mão direita, fazendo-me sufocar. Tentava gritar, mas mal conseguia respirar e tentava dar-lhe pontapés enquanto a minha cara ficava mais vermelha, à medida que o tempo passava.
-Responde! Responde se não queres que te continue a sufocar! - Acenei ligeiramente a cabeça, tanto quanto podia e ele largou-me o pescoço, mas continuando sempre com uma faca apontada a mim.
-O que queres exactamente que faça? - perguntei-lhe aterrorizada e sem qualquer expressão na minha voz.
-Já te disse! Beija-me à frente do teu namoradinho estúpido! É tudo o que eu quero... por agora!
-Porque estás a ser assim? Queres que fique contigo, mesmo sabendo que eu não gosto de ti? Isso só ia ser pior para os dois, acredita.
-Eu não te obrigo a ficar comigo, mas sei que lá no fundo tu ainda gostas de mim. Só quero que tu não andes com aquele betinho, que tu sabes que não faz nada o teu estilo!
-Os tempos mudam, os gostos mudam..
-Virou filósofa agora? - riu-se num acto de gozo e ao mesmo tempo sínico. - Deves pensar que eu não te conheço, é que só pode.
No preciso momento em que reparei que ele baixara a faca, e que nem sequer dera por isso, dei-lhe um pontapé e fugi o mais depressa que pude. Olhei para trás, enquanto o vento batia na minha cara e fazia esvoaçar os meus cabelos, reparei que ele já se estava a levantar, sempre agarrado à perna. Dei a volta ao minimercado, tentando encontrar caminhos cheios de gente, tentei esconder-me atrás de pessoas e tentei continuar com a mesma velocidade. Rezava baixinho para que ele não me apanhasse e pelos vistos, resultou.
Cheguei a casa ofegante, corri pelas escadas acima e enfiei-me na casa de banho para ninguém reparar no estado da minha cara e em todos os meus cortes. Abri a gaveta, fazendo um barulho terrível, e retirei de lá um frasco de betadine e bolas de algodão; assim que acabei de me desinfectar, lavei a cara das lágrimas que me escorriam e penteei-me, visto que o meu cabelo estava pior que nunca. Saí da casa de banho e dirigi-me ao quarto, sempre com o olhar virado para baixo; ao entrar pela porta do meu quarto deparei-me com Duarte e um novo amigo seu, a jogarem playstation.
-A tua irmã é estranha... Tem bué’da manchas vermelhas na cara! - Segredou o tal amigo ao Duarte, sem se preocupar com o tom de voz.
-Não é da tua conta, sim? - gritei enraivecida e a perguntar porque raio o Duarte não me tinha avisado de nada; desde quando é que ele era de ter amigos todos betinhos, com o uniforme impecável e pulseiras de ouro? - Já não passa da hora das visitas, Duarte?
-Já agora, dizias olá, mana! Sim, eu sei que passa... mas este é o rapazinho que o pai e a bruxa vão adoptar... tem de vir cá a casa várias vezes até o terem! - Respondeu-me, com a sua voz de inocente.
-AH! Então o novo pirralho és tu? Só te aviso uma coisa é bom teres cuidadinho aí com os teus novos paizinhos. Aviso de nova irmã! - disse meia irónica enquanto tirava as sapatilhas, tentando aprofundar ao máximo o meu ar de desmazelada.
-Vocês são os dois tão estranhos! Não têm educação nenhuma! - Disse, com a sua voz fina que fazia lembrar o Draco Malfoy de Harry Potter.
-Não temos culpa de não nos terem dado educação de jeito! Habitua-te às maneiras daqui... Eles no ínicio vão te parecer os melhores pais do mundo e que são muito simpáticos, bem, vão te enganar lindamente, depois vão começar a gritar contigo, a mandar-te dormir na sala, a não te dar de jantar, entre outras coisas.. Estou só a ajudar-te a mentalizares-te para o futuro... - Disse, numa voz bem alta, que o fez levantar-se e dirigir-se até mim para me puxar os cabelos. - Mas é claro que tu não tens hipótese de escolha - acrescentei, empurrando o puto para cima da cama. - Querias-me puxar os cabelos? Estás parvo? Eu aqui a querer ajudar-te e tu é assim que me tratas?
-És uma estúpida! Eles não são assim! Eles não são maus. - respondeu como se soubesse mais que eu, enquanto se levantava da cama.
-Se ainda tens dignidade e ouves os conselhos dos mais velhos, não venhas para aqui.´Tá bem puto? - gritei-lhe enquanto me desviava das tentativas de ele me puxar o cabelo.
-Vou dizer ao MEU pai e à MINHA mãe! Vocês são os dois tão maus que nem se devem considerar filhos deles! - Realmente, para a idade do puto, nem falava mal mas isso não era o que importava neste momento. Abri-lhe a porta e ele saiu a correr para o colinho dos novos papás.
Bem, aqui está o capitulo 9.. Espero que tenham gostado e que continuem a comentar muitooo ;D
Aproveito desde já para divulgar o blog Moda e Style, um blog espectacular de moda que de certeza vão adorar!
Beijocas