25
Out 11

“Querido diário,

Já passaram três semanas desde a primeira visita do “Lulu” como os pais lhe chamam, ou Luís como eu me limito a dizer. O rapaz ainda só veio cá umas quatro vezes e já se acha dono desta casa. Primeiro, começou por implorar ao pai para ficar com o meu quarto que é maior... claro que o pai aceitou. E depois ainda disse que quer que a casa de banho em frente ao meu (agora dele) quarto seja só mesmo para ele. -.- O puto já só faz asneiras cá em casa... desde colocar pastilhas na carpete e me obrigar a esfregá-las. É claro que das duas vezes que ele fez isso, levou um estalo bem grande nas costas. E só não foi na cara, porque nas costas não deixa marca tão grande.

Bem, já me estou a cansar de falar de cenas más. Agora vamos ao que importa: o meu pai como me quer ver sempre fora de casa nos seus momentos privados com a minha madrasta idiota, deu-me bastante dinheiro para poder ir a Braga sempre que quiser. Tenho passado imenso tempo com o Daniel e verdade seja dita que, para quem nunca teve uma namorada, se está a sair bastante bem.

Houve um depoimento no tribunal  e a minha mãe disse-me qualquer coisa de que as coisas estão a correr bem para o nosso lado; ela foi promovida e arranjou um advogado melhor pelo que a casa já fica dela, quer o meu pai queira ou não. Quanto a mim e ao meu irmão, parece que ainda falta um bocado... Vou ao tribunal amanhã e estou muito nervosa, treinei tudo com o meu pai e com a minha mãe, mas é claro que vou fazer apenas o que a mãe me disse. Afinal, mãe não é pai e o meu pai deve ser o pior de todos -.- lá estou eu outra vez a falar de coisas más... bolas! A minha vida é o INFERNO!!


Bem... boa noite diário, dorme bem :3 “


Fechei o diário, guardei a chave no meu colar e guardei-o na segunda gaveta do meu novo quarto. Dei um beijo leve ao meu irmão que já dormia, apaguei a luz do candeeiro e deitei-me. Tentei pensar num sonho que fosse bom mas acabei por adormecer no meio de pesadelos e mentiras.


***


O dia seguinte fez com que o que eu tivesse escrito no diário, tivesse dado uma completa reviravolta. Acordei com um telefonema da minha mãe a mandar-me despachar porque já estava atrasada para o dito depoimento.  Meia ensonada, levantei-me, tomei um duche rápido e vesti a roupa que já tinha programado usar. Dois minutos depois de ter acabado de pensar para mim tudo o que ia dizer, o meu pai abre uma frincha da porta a dizer imediatamente o que a minha mãe me dissera minutos antes. Assenti e passado apenas meia hora, já estava à espera na sala do tribunal. Por fim, chamaram-me para depor. Sentei-me na cadeira e esperei pela primeira pergunta. Sentía-me a tremer dos pés à cabeça, mas cada vez que olhava para trás e via o meu irmão numa das primeiras filas, acalmava-me logo. E foi aí que começou, o depoimento.

publicado por Mafav às 17:09
21
Out 11

-Pensavam que iam dormir nos quartos como eu acabei por deixar da última vez...não era? Como castigo vão dormir os dois aqui na sala. - disse enquanto nós subíamos as escadas em direcção aos nossos quartos - Vocês têm de aprender que têm regras para cumprir aqui em casa e que se não as seguem, são castigados!

Na minha cabeça imaginei mil e uma formas de responder àquelas frases ridículas ditas mas achei-me sem forças para ripostar e decidi subir para buscar as coisas necessárias para a obrigada dormida na sala.

Mesmo antes de adormecer achei bem mandar uma mensagem à minha mãe a contar tudo o que ele nos fez passar até ali, apesar dos conflitos que tive com ela, senti que era o melhor a fazer.

Três dias depois da minha visita a Braga, parecia que a minha vida tinha mudado num abrir e fechar de olhos. Tinha acabado com o Hugo Boss, e nem sei como arranjara coragem para tal, e o Daniel pediu-me em namoro, sem sequer ter curiosidade para me perguntar se ainda estava com o Boss.

 

***

Puxou-me contra uma parede e agarrou-me o pescoço com a sua mão direita, fazendo-me sufocar. Tentava gritar, mas mal conseguia respirar e tentava dar-lhe pontapés enquanto a minha cara ficava mais vermelha, à medida que o tempo passava.

-Responde! Responde se não queres que te continue a sufocar! - Acenei ligeiramente a cabeça, tanto quanto podia e ele largou-me o pescoço, mas continuando sempre com uma faca apontada a mim.

-O que queres exactamente que faça? - perguntei-lhe aterrorizada e sem qualquer expressão na minha voz.

-Já te disse! Beija-me à frente do teu namoradinho estúpido! É tudo o que eu quero... por agora!

-Porque estás a ser assim? Queres que fique contigo, mesmo sabendo que eu não gosto de ti? Isso só ia ser pior para os dois, acredita.

-Eu não te obrigo a ficar comigo, mas sei que lá no fundo tu ainda gostas de mim. Só quero que tu não andes com aquele betinho, que tu sabes que não faz nada o teu estilo!

-Os tempos mudam, os gostos mudam..

-Virou filósofa agora? - riu-se num acto de gozo e ao mesmo tempo sínico. - Deves pensar que eu não te conheço, é que só pode.

No preciso momento em que reparei que ele baixara a faca, e que nem sequer dera por isso, dei-lhe um pontapé e fugi o mais depressa que pude. Olhei para trás, enquanto o vento batia na minha cara e fazia esvoaçar os meus cabelos, reparei que ele já se estava a levantar, sempre agarrado à perna. Dei a volta ao minimercado, tentando encontrar caminhos cheios de gente, tentei esconder-me atrás de pessoas e tentei continuar com a mesma velocidade. Rezava baixinho para que ele não me apanhasse e pelos vistos, resultou.

Cheguei a casa ofegante, corri pelas escadas acima e enfiei-me na casa de banho para ninguém reparar no estado da minha cara e em todos os meus cortes. Abri a gaveta, fazendo um barulho terrível, e retirei de lá um frasco de betadine e bolas de algodão; assim que acabei de me desinfectar, lavei a cara das lágrimas que me escorriam e penteei-me, visto que o meu cabelo estava pior que nunca. Saí da casa de banho e dirigi-me ao quarto, sempre com o olhar virado para baixo; ao entrar pela porta do meu quarto deparei-me com Duarte e um novo amigo seu, a jogarem playstation.

-A tua irmã é estranha... Tem bué’da manchas vermelhas na cara! - Segredou o tal amigo ao Duarte, sem se preocupar com o tom de voz.

-Não é da tua conta, sim? - gritei enraivecida e a perguntar porque raio o Duarte não me tinha avisado de nada; desde quando é que ele era de ter amigos todos betinhos, com o uniforme impecável e pulseiras de ouro? - Já não passa da hora das visitas, Duarte?

-Já agora, dizias olá, mana! Sim, eu sei que passa... mas este é o rapazinho que o pai e a bruxa vão adoptar... tem de vir cá a casa várias vezes até o terem! - Respondeu-me, com a sua voz de inocente.

 

-AH! Então o novo pirralho és tu? Só te aviso uma coisa é bom teres cuidadinho aí com os teus novos paizinhos. Aviso de nova irmã! - disse meia irónica enquanto tirava as sapatilhas, tentando aprofundar ao máximo o meu ar de desmazelada.

-Vocês são os dois tão estranhos! Não têm educação nenhuma! - Disse, com a sua voz fina que fazia lembrar o Draco Malfoy de Harry Potter.

-Não temos culpa de não nos terem dado educação de jeito! Habitua-te às maneiras daqui... Eles no ínicio vão te parecer os melhores pais do mundo e que são muito simpáticos, bem, vão te enganar lindamente, depois vão começar a gritar contigo, a mandar-te dormir na sala, a não te dar de jantar, entre outras coisas.. Estou só a ajudar-te a mentalizares-te para o futuro... - Disse, numa voz bem alta, que o fez levantar-se e dirigir-se até mim para me puxar os cabelos. - Mas é claro que tu não tens hipótese de escolha - acrescentei, empurrando o puto para cima da cama. - Querias-me puxar os cabelos? Estás parvo? Eu aqui a querer ajudar-te e tu é assim que me tratas?

-És uma estúpida! Eles não são assim! Eles não são maus. - respondeu como se soubesse mais que eu, enquanto se levantava da cama.

-Se ainda tens dignidade e ouves os conselhos dos mais velhos, não venhas para aqui.´Tá bem puto? - gritei-lhe enquanto me desviava das tentativas de ele me puxar o cabelo.

-Vou dizer ao MEU pai e à MINHA mãe! Vocês são os dois tão maus que nem se devem considerar filhos deles! - Realmente, para a idade do puto, nem falava mal mas isso não era o que importava neste momento. Abri-lhe a porta e ele saiu a correr para o colinho dos novos papás. 

 

 

 

 

Bem, aqui está o capitulo 9.. Espero que tenham gostado e que continuem a comentar muitooo ;D

Aproveito desde já para divulgar o blog Moda e Style, um blog espectacular de moda que de certeza vão adorar!

Beijocas

 

 

publicado por ♥ C. às 19:36
editado por Mafav às 23:08
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