06
Out 11

 

 

Depois de garantir que o meu irmão não iria contar nada à mãe, abandonei o quarto e fui para a saleta, uma sala pequena com televisão e sofá; deitei-me no sofá e espreguicei-me de tal forma que caí deste abaixo. Comecei a rir-me de mim própria após me ter deitado de novo e coloquei a TV no canal Vh1. Estava a dar uma homenagem ao 2-pac pelo que eu mudei logo de canal para o Travel & Living e comecei a ver Cake Boss.

 

Fiquei ali mais de meia hora até reparar que a minha mãe estava à porta da saleta com uma senhora com ar nerd e um nariz empinado.

 

-Porque é que estão aí especadas a olhar para mim, não sabem fazer mais nada? Quem é essa mãe? - perguntei com um ar preguiçoso

 

-Esta é a Sr. Elisabete, a tua psicóloga. Para te sentires mais à vontade, vão ter as reuniões aqui em casa. - Explicou-me, com a cara de quem me estava a oferecer o melhor presente de Natal do mundo inteiro.

 

-Eu não preciso nem vou ter reunião nenhuma com a senhora! Se quer dinheiro, eu dou-lho, mas pode esquecer o resto!  

 

Dito isto, desliguei a tv no botão e saí da saleta passando por entre as duas sem um sorriso ou uma cara relativamente bem disposta.

 

*Que raio de coisa que ela se foi lembrar...! Uma psicóloga! Quem precisa de psicóloga é ela!*

 

 

 

***

Estava trancada no quarto à tempo suficiente para perceber que a minha mãe e a dita psicóloga estavam na sala a falar dos meus problemas. Aqui quem tem problemas são elas e o pior deles todos é falarem nas costas das pessoas! Saí do quarto e quando cheguei à sala a minha cara não podia ter ficado mais chocada. Sentados na sala estavam a psicóloga, a minha mãe, o meu pai e a rapariga com aspecto de dezanove anos com quem o tinha visto na discoteca.

-O que... o que é que se passa aqui? O que estás aqui a fazer pai? Ainda por cima com essa... essa cabra com quem te vi aos beijos todo pedrado na discoteca! - Estas foram apenas umas das perguntas que lhe fiz sem sequer esperar pela sua resposta. O que interessava é que haviam imensas coisas para me explicarem e a minha cabeça já estava à volta só de pensar nas respostas.

-Primeiro, é bom que não fales assim com ninguém muito menos com a tua própria família. Agora sim acredito no que a tua mãe me estava a dizer, tu mudaste mesmo! - Disse-me com uma tal agressividade que se não tivesse meia inconsciente já lhe tinha espetado um murro no meio da cara.

-E fala o homem que não mudou! - Tinha imensa raiva para despejar  mas tive me tentar controlar, não fosse eu arranjar ainda mais problemas - Sim, admito que mudei, mas é mais que óbvio que vocês sabem todos a razão disso! Se fumo, se tento assaltar casas e carros, se vou à discoteca e tenho relações sexuais - estava a exagerar, obviamente, mas isso era uma coisa bastante importante quando se resolviam assuntos destes - a culpa é toda vossa e nem tentem desmenti-lo!

- Já tens relações? - questionou a minha mãe com uma tristeza no olhar.

- Óbvio! Sinceramente, não me interessa minimamente o que vocês pensam. Só quero saber uma coisa... O que é que esta... ,para não dizer outra coisa, gaja está aqui a fazer? - disse sem hesitar, enquanto me sentava na borda de um sofá.

- Esta tem nome, Matilde! Chama-se Bárbara e é a minha namorada. Sê simpática para com ela e é se queres continuar a ter a vida que tens! - Gritou-me como se eu fosse insignificante ou precisasse dele para viver.

- Realmente, pai, tens razão! Eu não quero continuar a ter esta vida, quero outra, outra bem melhor e sem vocês todos! Cambada de idiotas... - Aí percebi que tinha passado dos limites e quando voltei à realidade o meu pai estava a apertar-me o braço direito com toda a sua força e a tentar ser impedido de o fazer pela psicóloga e pela minha mãe. Já a idiota da sua namorada estava com um sorriso cínico na cara como se eu realmente o merecesse. E talvez até merecia...


No final do dia já tinha um horário de consulta com a psicóloga e ficámos de nos encontrar três vezes por semana, ou talvez não... - pensei. Fiquei de castigo e a minha mãe tirou-me à custa as chaves de casa mas eu não fiquei nem um pouco importada com isso, visto que agora a minha porta de entrada e de saída chamava-se janela do quarto. No fim da sessão com a psicóloga a verdade é que não me sentia melhor ao contrário do que lhe tinha dito e não estava nem sequer um pouco interessada em voltar lá outra vez.



***

Tinham passado quase dois meses desde a minha primeira consulta com a psicóloga e o pior dos males era a escola ter começado. Aquela cena de ter de acordar às sete horas era uma verdadeira idiotice mas pelo menos enquanto a minha mãe não começasse a trabalhar, tinha de o fazer. Levantei-me como de costume, vesti-me sem sequer olhar para a roupa e fui preparar o pequeno almoço para mim e para o Duarte.

-Oh Matilde, despacha-te lá senão chego atrasado às aulas! - Queixou-se o meu irmão de forma a que parecesse super ansioso para as aulas.

-Não precisas de mim para apanhar o autocarro. - Disse, enquanto abria a boca para bocejar mais uma vez. Levei outra colher de cereais à boca e desisti.

Peguei na carteira sem livros ou cadernos diários, dei a mão ao Duarte e fomos ter à paragem do autocarro.

Entramos no autocarro, sentamos-nos os dois nos bancos do fundo e seguimos viagem até chegarmos a um dos sítios aonde eu menos gostava de estar, a escola.

As aulas, como sempre, estavam a ser uma seca até que chegou a aula de Inglês com a professora Lurdes, a quem todos apelidavam de “Bruxa” ou “Malvada”. Eu costumava sentar-me na última carteira da segunda fila a contar de trás, bem de propósito para que a stora nunca me apanhasse na conversa ou desatenta. Mas hoje para minha surpresa, o meu lugar estava ocupado; revi a fila com os olhos e todos os lugares estavam ocupados.

-Oh stora, então onde é que eu me sento? - perguntei enquanto procurava um lugar de jeito para me sentar.

-Em inglês, menina Matilde, quantas  vezes terei de lhe dizer?

-Oh stora, poupe-me! Agora em inglês quando estamos em Portugal?

-Say it! - gritou a professora com uma voz finissima, horrivel.

-Ah, okay... So... Where do I sit?

-Next to Daniel. - Respondeu com um sotaque britânico perfeito, antes de eu me dirigir até à mesa do Daniel que ficava mesmo na segunda fila. - Fast, please.

Assim que me sentei ao lado do tal Daniel reparei que ele não me era familiar e achei estranho ninguém me ter avisado que tínhamos um novo aluno na turma.

-Ehh... - gaguejei - Olá, acho eu...

 

---

 

Espero que tenham gostado deste capítulo :] ahan, novo rapaz na turma! 

O que acham que se vai passar? Não, não vai ser mais uma história de amor de uma rapariga com um rapaz novo na turma... ou será que vai? Opiniões?

 

Beijinhos

publicado por Mafav às 18:00
editado por ♥ C. em 05/10/2011 às 14:52
A divulgação já foi postada :D
Kiss*
A Dream and an Illusion a 7 de Outubro de 2011 às 19:26
muito ;s
petra. a 7 de Outubro de 2011 às 23:33
Adorei!! :D
Uma homenagem ao 2pac?? já á algum tempo atrás deu uma homenagem a ele! :)
tchée uma psicóloga. :p coitada dela.
uhhhh um novo aluno!! quero saber mais!! :D
continua! :3
Mαrgαs a 8 de Outubro de 2011 às 13:10
2pac fez história no mundo da musica , os textos estão cada vez mais interressantes.

Bjs
Mel a 9 de Outubro de 2011 às 15:39
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