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Dez 11

O efeito do sedativo começou a ser notório pois voltei a adormecer passado pouco tempo. Acordei novamente rodeada dos meus amigos mais chegados. Surpreendemente, quando olhei para o meu lado direito, encontrei o Hugo que imediatamente me sorriu, coisa estranha vinda dele.

- Mas.. Mas.. - foram as únicas palavras que me conseguiam sair da boca.

- Olá princesa! - disse-me ainda sorridente

- Tirem-no daqui! Tirem-no daqui! - gritei com todas as forças enquanto esperneava e esbraceava. Larguei as minhas mãos dos seus braços e ainda lhe tentei bater- Não o quero aqui! Por favor! Por favor!

- É melhor saíres, Hugo. - disse Catarina, tentando responder ao meu desejo.

Acabaram por sair os dois e foram falar para perto do quarto onde me encontrava.

- O que lhe fizeste para ela reagir assim? - ouviu-se ela a perguntar-lhe do outro lado do vidro. Vi a cara do Hugo a ficar mais e mais vazia à medida da conversa, mas isso não me fez arrepender de o ter mandado embora. Pelo contrário, só fez com que conseguisse esboçar um sorriso de vingança.

Puxei o cordão que se encontrava ao lado da cabeceira do quarto do hospital para chamar o médico; este, veio acompanhado pelos meus pais que acabavam de chegar.

-O que se passa Matilde, estás bem? - perguntou a minha mãe, ao puxar uma cadeira com pressa para o meu lado.

- Não me sinto muito mal, só quero saber o que se passa comigo! Mas sim, tenho algumas dor na zona dos pulmões... - O médico fez uma cara um tanto assustada e correu até um armário; percorreu as gavetas com a ponta do dedo anelar até encontrar uma que dizia “pulmonares”. O que queria aquilo dizer? De repente, a minha respiração tornou-se cada vez mais irregular e quase que podia jurar e tresjurar que ouvia um miar vindo da minha boca que se assemelhava a pieira. Apertei as mãos uma contra a outra e nem foi preciso pedir que me ajudassem a sentar; passado dois segundos lá estavam três almofadas nas minhas costas e um objecto cilindrico branco e azul na minha mão. Para que serviria aquilo e porque estava na minha mão? “Bricanyl”, li enquanto rodava o objecto na minha mão. De seguida, as minhas perguntas foram todas respondidas antes de sequer as fazer em voz alta.

Tinha asma. Tinha asma alérgica. Tinha cancro do pulmão. Tinha de fazer um transplante. Montes de doenças me vieram à cabeça mas por fim a resposta surgiu.

-Matilde, a verdade é que tens asma. Asma e asma alérgica. E claro que, mesmo que não tenhas ninguém na família com esta doença, há outras causas que podem levar a isto. Uma delas, que também já verifiquei que é verdadeira, é o facto de fumares. - disse tentando parecer severa e simpática, ao mesmo tempo - ...sem nunca nos teres dito nada - acrescentou.

Fiquei meia abatida ao ouvir aquelas palavras, baixei ligeiramente a cabeça num acto de arrependimento por ter andado a fumar todos aqueles dias. Agora, a minha mãe tinha descoberto mas, inesperadamente, não deu raspanetes nem começou com as suas recomendações de sempre. Ela simplesmente passou a sua delicada mão pelos meus cabelos enquanto me dizia que tudo ia ficar bem. Ficar bem... Ficar bem? Ou a minha mãe estava errada ou toda a informação que tinha aprendido sobre esta doença durante a minha vida sempre foi a errada. Claro que já tinha ouvido falar de casos em que esta desaparecia à medida que a idade avançava, mas isso era quando a doença já vinha connosco desde nascença. O que não era o meu caso. Nunca tinha sentido aquele sentimento de que nos estão a sufocar a garganta e ao mesmo tempo a fazer furos nesse tubo desde o primeiro ao último milímetro. Também nunca tinha ouvido aquele barulho que saía da minha garganta sem eu o poder evitar quando respirava. Isso é que significava ficar bem? Por momentos fiquei meia revoltada com aquela frase da minha mãe mas imediatamente me apercebi que era a maneira dela de me apoiar.

 

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Pedimos desculpas do tamanho do mundo por só agora termos postado capítulo, mas com a escola foi difícil. Agora que já acabámos temos mais tempo disponível, vamos tentar escrever e postar mais, mas como somos duas é um pouco difícil.

O que acharam?  Estavam à espera deste caminho?

 

publicado por ♥ C. às 14:34
ja estão
*B* a 18 de Dezembro de 2011 às 17:46
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